Gestão de bacias de
drenagem em uma área urbana - estudos de caso
de reabilitação de cursos de água
Alfred
Bernhard
Gestor de Matas Nativas
Willoughby City Council,
Sydney Australia
Águas limpas são a base da vida. O
contraste entre a qualidade de água na área
de Sydney de 200 anos atrás e atualmente é
extremo. O desenvolvimento urbano ao longo de cursos
de água tem causado degradação
nas áreas onde a água desemboca. Águas
urbanas pluviais, diferentemente de esgotos, contém
óleos, borrachas e metais pesados provenientes
das ruas e estradas, além de trazer resíduos
de detergentes, fertilizantes e lixo. Esses poluentes
são lançados nos cursos de água
com a água da chuva, chegando por fim ao porto
e ao mar. Dessa maneira áreas urbanas e não
urbanas estão diretamente conectadas. Esses
impactos necessitam ser minimizados e gerenciados,
é vital que o problema seja combatido na fonte
e não no final.
Programas
de educação, os quais conscientizam
a população de como e porque o problema
é criado e como pode ser resolvido, têm
sido desenvolvidos em conjunto entre governo estadual
e local, como por exemplo o programa ‘The
Stormwater Trust’
Proximadamente A$ 20 milhões foram gastos
por ano, nos últimos 4 anos, para implantar
projetos identificados nos planos regionais de gestão
de águas pluviais (Stormwater Management
Plans). Esses planos procuram que as diferentes
agências e prefeituras que incidem sobre uma
bacia de drenagem trabalhem juntos em Grupos de Bacias,
tais como o do Middle Harbour, que compreende uma
área de 100km2. Os planos objetivam melhorar
a qualidade das águas com medidas estruturais
e não estruturais. Monitoramento da qualidade
da água também pode ajudar na avaliação
do trabalho.
Alguns cursos de água vêm sendo monitorados
utilizando-se indicadores biológicos, como
macro invertebrados por exemplo, o que pode dar uma
idéia do estado de poluição dos
cursos de água. Encontrar espécies sabidamente
sensíveis a níveis altos de poluição,
pode indicar uma boa qualidade da água. Algumas
melhoras estruturais nos cursos de água que
deságuam no Middle Harbour incluem a restauração
de cursos canalizados e a contenção
de erosão. Estabilização utilizando-se
arenito e revegetação usando espécies
nativas locais têm ajudado a restaurar os cursos
de água.
A melhora do habitat resulta no retorno de algumas
espécies de fauna silvestre a essas áreas.
Em uma escala menor esse conceito foi aplicado para
tratar águas pluviais que, através de
canalização, deságuam nas áreas
de mata nativa. Trabalhos similares foram desenvolvidos
também em cursos de água e lagoas costeiras,
onde a concentração de poluentes é
muito séria em alguns casos. Como exemplo pode-se
citar o caso de químicos utilizados em um campo
de golfe e que foram lixiviados para a Lagoa de Manly,
causando a morte de milhares de peixes. Assoreamento
e falta de conexão com o oceano também
causou grandes mudanças nessa lagoa.
Educação
da comunidade é um pré-requisito para
qualquer melhora. Programas de educação
em escolas e a conscientização da importância
das águas que caem nos bueiros lentamente estão
mostrando a comunidade os impactos que as águas
pluviais podem ter. Organizações como
o Conselho Costeiro de Sydney, o Conselho de Gestão
da Bacia de Drenagem do Porto de Sydney e grupos de
voluntários tais como Coastcare estão
trabalhando com o governo local para aumentar o envolvimento
direto da comunidade em projetos práticos.
O Papel do Governo local na restauração
de ecossistemas
Alfred Bernhard
Gestor de Matas Nativas
Willoughby City Council,
Sydney Australia
A evolução dos ecossistemas levou
milhões de anos. Como parte do Gondwana, o
antigo grande continente do sul, o arenito que faz
parte da bacia de Sydney foi depositado a mais de
200 milhões de anos atrás. A flora adaptou-se
às condições únicas, revelando
sua ancestralidade. O solo arenítico, pobre
em nutrientes, exigiu grandes adaptações
e possibilitou o surgimento de numerosas comunidades
ecológicas. A Araucária é um
dos elos que revelam a conexão ancestral do
Brasil e da Austrália.
As divisões e limites criadas pelos estados
e governos locais não são correspondentes
aos ecossistemas. Plantas e animais não percebem
esses limites, mas são afetados por eles. Existem
mais de 40 governos locais na região do porto
de Sydney e a maioria da vegetação nativa
foi cortada, exceto àquela localizada em encostas
íngremes e na costa do porto.
É
competência dos governos locais e de agencies
estaduais e federais proteger e restaurar os remanescentes
de mata nativa. Na área do prefeitura de Willoughby
os principais problemas ambientais são resultado
da urbanização que promove o desmatamento,
fragmentação de áreas naturais,
invasão de plantas exóticas, aumento
de águas servidas, impactos relacionados às
águas pluviais, perda de habitat para a fauna
local, introdução de animais selvagens
e domésticos e regimes de fogo inapropriado.
A lei que regulamenta os governos locais requer
que a comunidade seja envolvida na preparação
de planos de manejo que lidem com esses assuntos.
Esses planos devem estabelecer o esquema detalhado
para o trabalho em campo. Muitas prefeituras possuem
cargos para pessoas encarregadas da área ambiental
como ‘oficial ambiental’ e ‘gestor
de matas nativas’ para facilitar a preservação
e restauração dos ecossistemas. O apoio
e participação da comunidade, das escolas
e da sociedade civil organizada é essencial
para que os programas de educação ambiental
sejam efetivos e práticos. Mesmo assim, muitas
prefeituras ainda tem um longo caminho pela frente
para encontrar o balanço correto entre gastos
com questões ambientais e infra-estrutura.
Cooperação regional entre prefeituras
em projetos como a ‘Rede Verde’ (green
web) tem o potencial de melhorar a rede de corredores
verdes que existe em Sydney. Apoio financeiro estadual
e federal em projetos como ‘Espaço Verde’
(greenspace) e o Fundo para a Herança
Natural (the Natural Heritage Trust) vem aumentando
a capacidade de restauração de ecossistemas
dos governos locais. Programas de trabalho como a
‘Coorporação Verde’ (greencorps)
vem provendo treinamento e primeiro emprego para voluntários
jovens que desejam trabalhar em projetos ambientais.
Na prefeitura de Willoughby a comunidade contribui
com uma taxa ambiental, além dos impostos normais,
a fim de ajudar na restauração de cursos
de água, educação da comunidade,
controle de plantas exóticas invasoras e restauração
de ecossistemas impactados. No entanto, ainda existe
um longo caminho! Sydney e seu ambiente especial merecem
proteção. Em última análise,
as decisões de todos os cidadãos sobre
estilo de vida, uso racional de energia, reciclagem
e conscientização ambiental vai determinar
se essa proteção é possível
ou não.
Gestão de Visitantes
Emma Hayes
Bacharel em “Business in Tourism”
Willougby City Council
Estudos sobre turismo doméstico e internacional
mostram que existe um “aumento do desejo por
experiências autênticas e que incorporem
aprendizado, mais do que simples entretenimento”
(Commonwealth Department of Tourism, 1994 p.9.).
A palavra ‘autêntico’ se refere
ao ambiente natural ou cultural de uma área.
Ambientes naturais bonitos ou únicos são
atrativos aos turistas e para o público em
geral por serem diferentes. Áreas naturais
podem preencher a necessidade do turista de aventura
e desejo de experienciar a natureza. Essas áreas
também podem incitar um sentimento patriótico
no turista doméstico e local.
Proteger áreas naturais dos impactos gerados
pela visitação é essencial para
a preservação dos ecossistemas e dos
benefícios econômicos e sociais advindos
da indústria do turismo. Ecoturismo é
definido como “um turismo baseado na natureza
que envolve educação e interpretação
do ambiente natural e é gestionado para ser
ecologicamente sustentável” (Commonwealth
Department of Tourism, 1994 p.3.).
Áreas naturais e frágeis freqüentemente
não suportam os efeitos de pisoteio pelos visitantes,
muitas vezes causando danos irreversíveis para
o meio ambiente. Fazer a gestão de áreas
naturais a fim de que os visitantes não prejudiquem
esse ambiente pode ser custoso e complicado. No entanto,
a perda de recursos naturais é um preço
muito maior a ser pago. A estratégia de ecoturismo
é vital para que a indústria do turismo
não prejudique os recursos naturais dos quais
depende.
Consulta e aportes de informação de
todos os níveis de governo, associações
ambientais, da indústria do turismo, grupos
comunitários, usuários e turistas são
necessárias. O principal objetivo deveria ser
discutir como proteger os ecossistemas e ao mesmo
tempo oferecer acesso às áreas naturais
onde os visitantes podem interagir com o ambiente
natural e estarem satisfeito com o que a natureza
tem para oferecer.
A participação da comunidade local
é essencial para ajudar a desenhar idéias
e atividades que são únicas e diferentes
das encontradas no resto do mundo. Pode-se incluir
nessa idéia estruturas de proteção
(ex.: caminhos demarcados, plataformas) que servem
para organizar as atividades recreacionais e educacionais
ideais para a área e que aumentam a experiência
do visitante. Assim essas estruturas podem ajudar
a preservar a autenticidade e os aspectos únicos
da área. A apresentação “Gestão
de Visitantes” mostrará exemplos típicos
da Austrália na estratégia de proteger
as matas nativas do impacto do turismo na região
de Sydney.
Referência: National Ecotourism Strategy,
published by the Australian Commonwealth of Tourism
1994.
Ambiente e Arte
Jacqueline
Lawes
Artscape - Artspace - Artplace Precis
Essa palestra ilustrada mostra o valor inato da
beleza da mata Australiana (paisagem) e a habilidade
dos artistas em capturar essa beleza. Eu acredito
que a interpretação dos artistas cresce
de uma conexão apaixonada com um lugar específico.
Esse é o caso em todas as culturas. A arte
dos aborígenes australianos é uma das
tradições de arte mais antigas do mundo,
datando de pelo menos 50 mil anos atrás. A
arte é centralizadora da vida dos aborígenes
e expressa a identidade de indivíduos e grupos
e a relação entre pessoas e a terra.
A arte também ativa os poderes dos seres ancestrais.
Por exemplo o grupo Wandjina que é um grupo
de seres ancestrais que vieram do céu e da
terra. Eles trouxeram chuva, o controle dos elementos
e mantém a fertilidade da terra e das espécies.
Eles são extremamente importantes e são
representados de maneira muito bela, sendo uma fonte
de inspiração até nos dias atuais.
Quando os europeus chegaram a Austrália eles
impuseram o estilo de pintura europeu à paisagem
australiana. Artistas oficiais gravavam com suas pinturas
eventos históricos e descobertas botânicas.
Com o passar do tempo o estilo australiano evoluiu
resultando em retratos da paisagem australiana que
confirmavam a beleza e diversidade da nova terra.
A conexão já estava novamente feita
entre homem e o seu ambiente.
A escola Heidelberg de pintores impressionistas
- Streeton, Roberts e McCubbin – ganhou inspiração
e proveram retratos maravilhosos das paisagens. Eles
percorreram todo o país acampando e desfrutando
da mata nativa e de sua diversidade, nós disfrutamos
do fruto da criatividade desses artistas. A visão
de artistas como a de Fred Williams alterou a maneira
como nós vemos o país ao nosso redor.
Alguns artistas também foram pioneiros no
movimento de preservação ambiental.
Hans Heysen tornou-se um ardente defensor das árvores
de Eucaliptos. Ele também era um pintor muito
talentoso e ilustrou toda a beleza dessas árvores
gloriosas de uma maneira que somente uma produção
artística pode realizar.
Em 1930 Albert Namatjira, o primeiro pintor aborígene
conhecido popularmente, começou pintar com
estilo e materiais europeus. Seu trabalho historicamente
serviu como uma tradução entre estilos
de duas culturas diferentes e foi visto como uma evidência
que suportava a política de assimilação
daquele tempo. Por causa disso seu trabalho não
era muito respeitado nos círculos artísticos.
No entanto, posteriormente foi reconhecido que o trabalho
não era inspirado pela estética européia,
mas sim pela expressão de sua relação
pessoal com seu país espiritual.
Essa conexão essencial e dinâmica dos
aborígenes com a terra continua a ser retratada
pela arte aborígene moderna em uma grande variedade
de estilos. Artistas modernos das duas culturas demonstrando
do sentido de lugar que é possível através
da existência absoluta de beleza e diversidade
do nosso ambiente. É importante lembrar que
não somente Austrália tem uma grande
diversidade de paisagens, mas possui também
uma grande diversidade de estilos artísticos
com os quais ilustra o significado dessa paisagem
e conscientiza da necessidade de protegê-la.
Restaraurando florestas
Sub-tropicais
Jenny Ford
Regeneradora de matas nativas
A floresta sub-tropical – Big Scrub
– cobria 75.000 hectares no nordeste do estado
de New South Wales. Atualmente resta menos de 1% da
vegetação primária, devido a
corte, agricultura, mineração, desenvolvimento
urbano e atividades de recreio. As áreas remanescentes
estão degradadas pois não possuem mais
sua estrutura e micro-climas originais, causado por
mudanças no padrão dos cursos de água,
isolamento das manchas de vegetação
e invasão de espécies de flora exótica.
Espécies exóticas invasoras estão
entre as maiores ameaças à sobrevivência
da floresta sub-tropical a longo prazo. As plantas
invasoras atrapalham o processo natural de sucessão,
florescimento, frutificação e danificam
o habitat e fonte de comida para a fauna local.
Antes do trabalho de restauração começar
em um determinado local, é recomendável
que seja realizado uma avaliação da
área, tendo-se assim um entendimento claro
de todos os aspectos. Aspectos que devem ser levados
em conta nesse processo inicial incluem o estado da
vegetação (ex.: estrutura, estratos,
falha de copas de árvores, representação
excessiva/ou pouco indivíduos de certas espécies),
a presença de flora exótica invasora
(ex.: sua distribuição, habitat, ciclo
reprodutivo, efeitos no ecossistema) e outros impactos
como urbanização adjacente, acesso,
erosão, animais selvagens não nativos.
A variedade de problemas freqüentemente requer
uma variedade de soluções que envolvem
usos de herbicidas e de técnicas que não
utilizam herbicidas. Além do controle das plantas
exóticas, talvez também se tenha que
fazer controle de erosão, limitação
do acesso com cercas e sinais, determinação
de caminhos para que não haja pisoteio.
Qualquer método escolhido, é importante
trabalhar-se em zonas que consolidem o trabalho anterior,
controlando as plantas invasoras menores para depois
tratar as arbustivas, mantendo a área de trabalho
não muito grande. Também é essencial
voltar a zonas anteriores para fazer manutenção
e monitoramento. Documentar todos os dias de trabalho,
sempre referindo-se ao plano de gestão da área,
ajuda para que um ótimo trabalho seja desenvolvido
e que o aprendizado sobre os processos de regeneração
aumente.
O Movimento do Cuidado
Louise Brodie
AABR
O movimento do cuidado ocorre em vários níveis
na Austrália. Os últimos 20 anos têm
visto um crescimento do envolvimento da comunidade
no cuidado da terra, água e vegetação.
Esse envolvimento desenvolveu-se em duas direções.
Existe uma crescente vontade da comunidade local
em envolver-se, participando de grupos que levam a
cabo trabalhos de restauração. No entanto,
existe também um envolvimento de agências
de governo apoiando esses grupos com material, pessoal,
coordenadores especializados. Reconheceu-se, através
dos profissionais que trabalham no campo, no dia a
dia, que restauração e sustentabilidade
do meio ambiente só seria possível com
o envolvimento da comunidade.
Dentro desse movimento o landcare (cuidado
com a terra) é um dos maiores. Existe em toda
Austrália com grupos que trabalham em áreas
urbanas e rurais, em terras públicas e privadas.
O movimento iniciou-se quando o governo estadual deu
apoio oficial aos grupos locais, no estado de Victoria
em 1986. Em 1990 esse movimento já ocorria
por toda Austrália quando uma aliança
entre um grupo conservacionista - Australian Conservation
Foundation – e a Federação
Nacional de fazendeiros levou o governo a declarar
a década do Landcare, provendo fundos
para os grupos envolvidos. Esses grupos trabalham
na restauração de terras degradadas,
restaurando e conservando a vegetação
nativa e os cursos de água. Eles são
apoiados com material e coordenadores. Atualmente
existem mais de 4.500 grupos do Landcare
e aproximadamente 30 % dos fazendeiros são
membros de um desses grupos.
Um grupo derivado do movimento do cuidado é
o coastcare (cuidado com a costa), que envolve
o dunecare (cuidado com as dunas). O dunecare
teve início quando a agência estadual
responsável pelo controle de erosão
dos sistemas costeiros incentivou a formação
de grupos para trabalhar em essas área.
Em áreas urbanas, especialmente em Sydney
e nos arredores, bushcare (cuidado com a mata)
é outro programa. Novamente esse movimento
começou quando profissionais reconheceram a
necessidade do envolvimento da comunidade que vivia
perto das áreas de mata nativa. Como atividade
principal existem os ‘vizinhos dos parques de
mata nativa’, programa coordenado e apoiado
pelas prefeituras locais. Na região de Sydney
existem mais de 4.000 voluntários em grupos
de bushcare. Também existem programas
destinados a proprietários que desejam conservar
a vegetação nativa e a vida selvagem.
O papel da gestão
costeira integrada e as políticas públicas
no desenvolvimento sustentável
Marinez Scherer Widmer
Gestão Costeira
Instituto Ambiental
Ratone
A fim de lidar com os crescentes impactos ecológicos
causados pela pressão de ocupação
humana no litoral, se faz necessário uma melhor
gestão das zonas costeiras. Nas últimas
décadas muitos países e grupos de países
vêm desenvolvendo e implementando iniciativas
de gestão costeira. Desenvolvimento sustentável,
com a participação dos diferentes setores
da sociedade nas tomadas de decisão é
o principal objetivo da gestão integrada da
zona costeira (GIZC).
Como a GIZC é aclamada como uma das melhores
iniciativas no sentido de minimizar impactos humanos
nas áreas costeiras, espera-se que essa iniciativa
tenha forte bases ecológicas e biológicas.
No entanto, ao analisar as políticas brasileiras
nesse campo, tal como o Programa Nacional de Gestão
Coteira (GERCO), torna-se claro que existe uma falha
nesse sentido. Essa tendência não é
exclusiva ao Brasil. A falha ao descrever detalhadamente
os ecossistemas costeiros, uma definição
pobre da capacidade de suporte frente a diferentes
atividades humanas e a falha na determinação
de indicadores ecológicos, biológicos
e ambientais que pudesse orientar um monitoramento
da qualidade ambiental costeira, são evidentes
em todos os níveis de gestão, do internacional
ao local.
Para a GIZC seja efetiva e caminhe para o desenvolvimento
sustentável, é necessário um
aumento do conhecimento das características
físicas, químicas e biológicas
da zona costeira. Para alcançar esse objetivo,
pesquisas de base deveriam ter mais suporte. Também
deveria ocorrer uma maior aplicação
desse conhecimento pelos gestores costeiros brasileiros
em conjunção com uma extensiva participação
pública.
Educação
Ambiental para Crianças
Nadia Lalak
Educadora ambiental
Willoughby City Council,
Sydney Australia
A prefeitura de Willoughby
tem uma programação dinâmica de
educação e conscientização
ambiental para escolas. Esse programa é coordenado
pela prefeitura e implantado nas escolas e na comunidade
local. O objetivo desse programa é aumentar
a conscientização ambiental sobre as
matas nativas urbanas e sobre problemas ambientais
das bacias de drenagem, sempre usando recursos locais.
Os estudantes tem a oportunidade de experienciar o
mundo natural sendo incentivados a ver a conexão
entre suas escolas, os bosques e cursos de água
que as cercam. O programa também apoia o objetivo
de longo prazo de envolver a comunidade na gestão
das reservas de mata nativa.
Atividades
práticas são a chave da educação
ambiental. A maioria das atividades são saídas
de campo na forma de caminhadas na mata das reservas
locais, durando desde duas horas até um dia
inteiro. Os tópicos abordados devem ter conexão
com as unidades de trabalho do currículo das
crianças. Um sentimento de diversão
é incorporado para que as crianças aproveitem
a experiência o que vem ajudar em uma conexão
positiva e emocional com a natureza. Um folha de trabalho
e atividades posteriores são sugeridas para
que a conscientização e aprendizado
sejam consolidados.
Outras atividades nas reservas
ou nas escolas são:
- Oficinas de propagação de sementes
- Planos de conceito do espaço físico
da escola
- Plantação de espécies locais
na escola
- Conscientização de para onde a água
do bueiro vai, com pinturas e mensagens ambientais
- Teatro ambiental de rua
- Painéis interativos utilizando-se o WCC
‘bushcare trailer’
- Teste de água em cursos de água
locais
- Análise de invertebrados
- Limpeza de cursos de água
- Competições ambientais (ex.: Weed
Busters)
- Painéis com trabalhos das crianças
sobre meio ambiente em bibliotecas, centros comerciais,
parques
- Ajuda no pedido de bolsas e fundos ambientais
- Caminhadas nas reservas para os empregados da
prefeitura
O que nós estamos tentando fazer é
familiarizar as crianças com seu ambiente natural
local, de maneira que elas se sintam a vontade nesse
ambiente e que tenham um senso de conexão com
ele.
O que ocorre quando as crianças saem do ambiente
natural?
Elas estão excitadas… prontas para
serem maravilhadas… para experienciar por inteiro…
Com as crianças, o aparecimento da vida selvagem
sempre inspira essas respostas…
Um lagarto, ali, na mata… um sapo, tão
parado, tão camuflado…
Uma coruja, a silhueta em um galho de um eucalipto…
Um ‘ring-tail possum’ em uma árvore
com o rabo enrolado no ninho…
Uma aranha delicadamente construindo sua teia…
e existe o pó mágico das fadas nas folhas
do chão… quem sabe tem uma fada da floresta
aqui perto…
Tudo isso tem um impacto… e uma vez que a
conexão seja feita, existe algo mais do que
uma conexão momentânea … existe
o começo de uma relação duradoura
– com esse lugar especial e com a natureza em
geral.
Na educação de crianças é
importante fornecer oportunidades repetidas para que
a natureza possa realizar a sua mágica
Desenvolvimento
de um programa de educação em restauração
ecológica.
Rowan Hayes
Consultor em ecologia da paisagem
Essa apresentação é sobre o
processo que leva ao desenvolvimento de um programa
formal de educação em restauração
ecológica. Na Austrália esses programas
são chamados de ‘Bushland Regeneration
Programs’.
O começo do movimento de restauração
na Austrália data dos anos 70, quando um grupo
de mulheres voluntárias começaram a
trabalhar em projetos pequenos, quase domésticos,
estabelecendo importante princípios ecológicos
que se adaptavam ao ambiente de Sydney. Os principais
problemas que elas encontraram foi o impacto das águas
pluviais poluídas e da invasão crescente
de espécies exóticas.
Por volta dos anos 80, grupos de trabalhadores e
ambientalistas se juntaram ao trabalho voluntário.
Assim, houve uma demanda para uma educação
técnica que treinasse esses trabalhadores que
desejavam dar continuidade ao trabalho dos voluntários.
Partindo da escola de Horticultura de Sydney, se
viu necessário desenvolver um novo curso que
fosse mais holístico do que os cursos tradicionais
de horticultura e jardinagem. Comitês responsáveis
pela elaboração desse curso consultaram
educadores para desenvolver o curso em restauração
ecológica. Esse curso tem muito sucesso e é
muito apoiado. Nas últimas duas décadas
a participação nesse curso cresceu e
de poucos voluntários entusiásticos
passou para mais de 500 pessoas interessadas por ano.
Somente em um dos colégios técnicos
de Sydney tem 200 estudantes matriculados esse ano.
Hoje em dia educação e trabalhos práticos
trabalham juntos para promover mudanças de
comportamento, conscientização, fornecendo
mais um campo de trabalho para operadores técnicos
treinados. A educação técnica
vem contribuindo para um mudança na atitude
das comunidades e uma nova indústria de restauração
ecológica está estabilizada em toda
Austrália. |